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Crise e adaptação: O futuro das montadoras Europeias.

A Volkswagen (VW), maior montadora europeia em volume de vendas, está no centro de uma nova tempestade. A empresa enfrenta a possibilidade de greves a partir de 1º de dezembro, como resposta à sua decisão de fechar três fábricas na Alemanha e implementar cortes salariais. A medida, que gerou grande descontentamento entre os sindicatos, evidencia os desafios estruturais e financeiros que têm abalado a indústria automotiva do continente.

Outro golpe significativo foi o colapso da Northvolt, uma startup sueca de baterias financiada pela VW e BMW, que declarou falência, frustrando as expectativas de inovação sustentável no setor.
Simultaneamente, no cenário internacional, Donald Trump ameaça desestabilizar as cadeias globais de suprimentos com a proposta de tarifas de 25% sobre importações vindas do México e Canadá, impactando diretamente montadoras com operações nessas regiões.

A crise não é isolada. Desde abril, o valor de mercado das cinco maiores montadoras europeias despencou de mais de € 300 bilhões para menos de € 200 bilhões, afetando gigantes como Stellantis, Renault, BMW e Mercedes. O declínio reflete a falta de confiança dos investidores, que estão alarmados com previsões financeiras pessimistas e margens de lucro em queda.

O mercado europeu, antes robusto, agora enfrenta estagnação na demanda e uma competição feroz de empresas chinesas de veículos elétricos (EV). Marcas como BYD e Chery avançam rapidamente, enquanto montadoras locais, como VW e Renault, lutam para manter sua fatia de mercado. Oliver Blume, CEO da VW, resumiu a gravidade da situação ao afirmar que “a torta ficou menor, mas há mais convidados à mesa”. Além disso, operações internacionais têm sido igualmente desafiadoras, com queda nas vendas na China e dificuldades para sustentar os lucros nos Estados Unidos.

No mercado asiático, o domínio que as montadoras europeias exerciam na China está se desfazendo rapidamente. A participação da VW caiu de 19% em 2019 para 14%, com projeções que indicam uma redução para apenas um dígito até 2030. A BMW e a Mercedes também enfrentam pressões, já que dependem fortemente de carros a gasolina em um mercado onde metade das vendas já são de veículos elétricos. Para piorar, as vendas da Porsche na China caíram 27% desde 2022, refletindo a dificuldade de competir em um mercado cada vez mais voltado para inovações tecnológicas.

Nos Estados Unidos, a Stellantis amarga uma queda de 42% na receita da América do Norte no terceiro trimestre, resultado de decisões estratégicas equivocadas, como o aumento nos preços de picapes e SUVs para se igualar às concorrentes Ford e General Motors. A VW, por sua vez, depende fortemente de importações para atender ao mercado americano, tornando-se especialmente vulnerável a tarifas adicionais, que poderiam ser implementadas em uma nova administração Trump. Essa vulnerabilidade ameaça diretamente a competitividade das montadoras europeias nesse mercado vital.

No passado recente, o setor viveu anos de ouro impulsionados pela escassez de microchips, que permitiu às montadoras priorizar modelos mais lucrativos. Contudo, esse cenário mudou drasticamente. Com o retorno da oferta de chips, a produção voltou a focar em veículos de menor margem, e as metas ambientais cada vez mais rígidas da União Europeia impõem custos adicionais. A pressão para atender à exigência de mais veículos elétricos, que são menos lucrativos, só agrava o desafio.

Além disso, a concorrência com montadoras chinesas se intensifica não apenas na Europa, mas também em regiões como América Latina e Oriente Médio. A Stellantis, que já reduziu sua presença na China, enfrenta batalhas acirradas nesses mercados, enquanto tenta equilibrar sua estratégia global. Greves recentes na Itália e França, somadas à resistência de sindicatos alemães, complicam ainda mais os esforços de reestruturação necessários para lidar com o excesso de capacidade e os altos custos operacionais.

O futuro do setor automotivo europeu dependerá de sua capacidade de reagir de forma rápida e estratégica. Investir em tecnologias inovadoras, fortalecer alianças internacionais e reavaliar estruturas operacionais são caminhos possíveis para reverter as perdas. A pressão, entretanto, é implacável: a adaptação precisa ser ágil e eficaz em um mercado global cada vez mais competitivo. As montadoras europeias enfrentam o maior desafio de sua história recente e o tempo não está a seu favor.
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Analista Pedro Moraes – CNPI-T: 9322

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