Entenda o momento atual
Para melhor compreensão do que está acontecendo com o mercado cripto, precisamos olhar de um olhar mais amplo. Até mesmo aquilo que é externo ao setor, no curto prazo, tem causado boa volatilidade e até mesmo justificado algumas áreas do mercado não desenvolverem de forma notável. Com Donald Trump na presidência à aproximadamente 1 mês, tivemos grandes mudanças na forma como os Estados Unidos se posicionam no contexto geopolítico e em suas relações comerciais.
Em uma constante luta em busca da meta de inflação, muitos desafios surgiram nesse processo. Com objetivo de diminuir deficits comerciais dos Estados Unidos, muitas tarifas foram impostas à outras economias do mundo. Isso tem gerado preocupações em como esse fator poderia reacender a inflação (ainda fora da meta) dos Estados Unidos. Essa preocupação tem colocado o dólar americano em posição de dominância mais uma vez.
Em relação ao setor cripto, tivemos poucas movimentações políticas a ponto de favorecer o mercado no curto e médio prazo. Ordens executivas foram assinadas, confirmando um posicionamento pró-cripto de Donald Trump, mas ainda sem efeitos práticos. A expectativa dos investidores gira em torno de uma reserva de ativos digitais por parte dos Estados Unidos, o que poderia levar a uma tendência de outros países também adotarem.
(Donald Trump assinando ordens executivas, Anna Moneymaker/Getty News)
Separação de Setores
O que para uns foi sofrimento, para outros nem tanto. Essa é a dinâmica do mercado de criptoativos, com ciclos que favorecem uns, e desfavorecem outros. Com o atual estado de "dormência" do mercado, algumas criptomoedas não sentiram esse efeito. Consolidando preços e até mesmo com leves oscilações positivas, o próprio Bitcoin permaneceu estavel nos últimos dois meses.
Já em altcoins, a coisa muda bastante. Muitas altcoins devolvendo ganhos dos últimos meses, e até mesmo colocando em prova a confiança dos investidores que esperavam uma altseason apoiada pelas medidas de Donald Trump. Abaixo temos um indicador de altseason, que sinaliza um período favorável às altcoins quando 75% das top 50 criptomoedas estão com desempenho melhor que o Bitcoin. Notavelmente estamos em um período de dormência, sem tendências definidas:
(Altseason Index, Blockchain Center)
Um dos pontos importantes a serem analisados é o fluxo do dinheiro dentro do mercado de capitais. Apesar da particularidade de cada setor, o comportamento dos investidores em relação ao medo e ganancia é sempre o mesmo. Em um período de incerteza com o futuro, ativos da renda variável podem consolidar e até certo ponto se correlacionarem. Abaixo temos o gráfico do Índice Dow Jones, S&P500 e o Bitcoin (respectivamente). Todos sem tendência definida desde meados de novembro (coincidentemente após as eleições americanas):
(Gráficos: Dow Jones, S&P500 e Bitcoin. TradingView)
Demanda por Dólares
Boa parte desta consolidação nos ativos podem ser justificadas pelo desinteresse de se expor, e em partes até mesmo uma saída de capital, o que acaba não sustentando as tendências de alta que visualizamos nos meses anteriores.
Em períodos de incerteza, a demanda por dólares aumenta porque ele é considerado um ativo de reserva global e um porto seguro. Investidores buscam proteção contra riscos, movendo capital para ativos mais estáveis, como o dólar e títulos do Tesouro dos EUA.
Além disso, os juros mais altos ainda praticado nos EUA tornam investimentos em dólar mais atraentes, especialmente para quem busca rendimentos seguros em títulos do Tesouro americano. Com taxas mais elevadas, investidores globais migram capital para os EUA, aumentando a demanda pelo dólar e fortalecendo sua cotação como podemos visualizar no Indice Dólar (DXY) abaixo:
(Índice Dólar DXY, TradingView)
Em um momento de cautela como o de agora, existe o lado pessimista e o lado de quem está em busca de oportunidades. Existem "gears" que direcionam o preço a curto e médio prazo, e isso é muito importante para definição do gatilho. Os gatilhos macroeconômicos no mercado de capitais são eventos que alteram as expectativas dos investidores e podem gerar grandes movimentos nos preços dos ativos. Eles afetam o fluxo de capital, o apetite por risco e a precificação dos mercados.
Com uma incerteza em relação a trajetória dos juros dos Estados Unidos, nossa atenção deve estar voltada à fatores que favoreçam a redução dele. Desde atitudes advindas do presidente, indicadores de inflação, ou ordens executivas favoráveis ao setor. O que não resta dúvidas é que estamos em um período de excelentes oportunidades, em um mercado que ainda não experimentou o ápice do "dinheiro barato" neste atual ciclo.
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Analista Luiz Gustavo Nunes – CNPI-T: 3656
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